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Na minha memória - tão congestionada - e no meu coração -
tão cheio de marcas e poços - você ocupa um dos lugares
mais bonitos.
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Assim:olha eu sei que o barco tá furado e sei que você também
sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver
remando me dá vontade de não parar de remar também.
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Os dragões não querem ser aceitos. Eles fogem do paraíso,
esse paraíso que nós, as pessoas banais, inventamos - como eu inventava
uma beleza de artifícios para esperá-lo e prendê-lo para sempre junto a mim.
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Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou.
Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê.
E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue para manter-se viva.
Você rasga devagar seu pulso com as unhas para que eu possa beber.
Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor, e você esquecerá como
se esquece um compromisso sem muita importância.
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De onde vem essa iluminação que chamam de amor, e logo depois se contorce,
se enleia, se turva toda e ofusca e apaga e acende feito um fio de contato defeituoso, sem nunca voltar àquela primeira iluminação?
61º Aniversário de Caio Fernando de Abreu
realmente ele é demais, conheci a pouco tempo, mas já virei fã.
ResponderExcluirbons dias