segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Pra que servem os amigos?

Na volta de Jampa fomos parados em uma barreira da Polícia Rodoviária. E sabe como é fim de semana, né? O Caio vinha guiando e tinha bebido um pouquinho antes da gente pegar a estrada. [foi pouquinho mesmo, o equivalente a uma dose de Cuervo black] O policial se aproximou e de cara sentiu cheiro de bebida no carro, acho que mais vindo de todo mundo que do próprio Caio.
Depois do bafômetro, da tensão, dos chiliques , não teve: jeito o Caio tava preso. Nunca vi aquela expressão no rosto de ninguém. Era uma mistura de "putz que eu fiz da minha vida?" com "se me safar dessa prometo nunca mais..."
Eu já me via nos jornais, já escutava a voz fria do meu pai me lembrando das maiores atrocidades que bebida e volante provocam, da vida de quantas pessoas coloquei em risco e blá blá blá.

*parêntes no texto*
Não tô ironizando a situação ou as vidas perdidas em acidentes imbecis causados pelo álcool. Tão pouco sou contra a Lei Seca, até reconheço os benefícios que ela trouxe. Mas eu não estava dirigindo, tão pouco tinha bebido no dia. E se eu tivesse percebido algo de incomum no comportamento do Caio teria feito o possível pra que não fosse ele a guiar.
*encerra parêntese*

Levados ao posto do acostamento e ainda implorando pro policial nos liberar escuto uma voz familiar chamando meu nome. À princípio não reconheci e nem sei dizer o misto de vergonha e alegria que senti ao ver o George na minha frente, de farda, cabelo arrumadinho, cheiro de creme de barbear, nada lembrando o meu ex vizinho louco e companheiro das noites insípidas no Recife Antigo.

*flash back*
Morei no mesmo prédio que o George logo que mudei pra Recife, nos conhecemos e por um longo tempo ele foi minha referência de perfeição masculina: lindo, educado, inteligente, divertido, companheiro, louco... O tipo de cara que a gente se diverte horrores e dá pra apresentar à famíla. Quando terminei a facul me mudei, o tempo se encarregou de nos afastar e nunca mais soube dele.
*/flash back*

Agora ele tava ali na minha frente, de farda [sim, esse é um detalhe importante] e dono do destino do Caio. Após os cumprimentos iniciais, bem formais diga-se de passagem, e do outro policial explicar o pq da gente tá ali vieram os sermões sem fim, as estatísticas dos últimos 10 anos e os incontáveis folhetos sobre educação no trânsito. O Caio continuava a implorar e eu nem sabia onde colocar minha cara de tanta vergonha.
Então veio a redenção: "Dessa vez vcs serão liberados, mas outra pessoa vai ter que dirigir."
Agora a cara do Caio dizia mais ou menos "Deus existe, usa farda e um creme de barbear decente".
Ele nos acompanhou até o carro junto com o outro policial. O Ramon assumiu o volante, trocamos telefones discretamente, o Caio continuava usando agradecimentos em todas as línguas conhecidas e eu nem sabia direito o que sentia. Seguimos viagem e logo que cheguei liguei pra agradecer.
O anjo da guarda do Caio merece férias e o meu um altar com flores e mel por ter proporcionado o reencontro.

Apesar do contratempo, e talvez exatamente por causa dele, o fim de semana foi perfeito. Minhas pernas doem, tô sem voz alguma, a dieta foi pro espaço, minhas costas ardem... mas Jampa é o céu em solo. E o show de Chico Corrêa e Eletronic Band na praia do Jacaré foi um misto de magia e ternura.

Olha que música mais fofa [e que me fez chorar quando não devia.¬¬]:




7 comentários:

  1. mas tu tem uma sorte visse doida?
    eu não me deparo com um guardinha assim.;(
    e chico corrêa ta fazendo uns shows com cabru desde o ano passado, até vão tá juntos no encerramento do salão do fusca mês que vem. se voce não tiver ocupada a gente vai.
    ;*

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  2. Vou mandar o link desse post pra superintendência da PRF. Me aguarde.

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  3. hahaha isso não vai prestar. Até o lenin tá se metendo.

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  4. Vou mandar o link desse post pra superintendência da PRF. Me aguarde.[02]
    ^^

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  5. Valeu por ficarem felizes por a gente ter escapado de um contrangimento.

    ¬¬

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  6. Queria te ver no Xilindró... nao iriam te aguentar

    Te expulsaria , digo libertaria fácil !!!

    Relaxa...vê se nao sai mais com Caio quando comerem bombons de licor , crianças...:p

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Milágrimas (Alice Ruiz)



Em caso de dor, ponha gelo, mude o corte de cabelo
mude como o modelo
vá ao cinema, dê um sorriso, ainda que amarelo
esqueça seu cotovelo
se amargo for já ter sido, troque já esse vestido
troque o padrão do tecido
saia do sério, deixe os critérios, siga todos os sentidos
faça fazer sentido
a cada mil lágrimas sai um milagre
caso de tristeza, vire a mesa, coma só a sobremesa
coma somente a cereja
jogue para cima, faça cena, cante as rimas de um poema
sofra apenas, viva apenas
sendo só fissura, ou loucura, quem sabe casando cura
ninguém sabe o que procura
faça uma novena, reze um terço, caia fora do contexto
invente seu endereço
a cada milágrimas sai um milagre
mas se, apesar de banal,
chorar for inevitável
sinta o gosto do sal, do sal, do sal
sinta o gosto do sal
gota a gota, uma a uma
duas, três, dez, cem, mil lágrimas
sinta o milagre
a cada mil lágrimas sai um milagre
a cada milágrimas

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