terça-feira, 21 de julho de 2009

Meu Último Romance

Dos dias que vc não vem posso dizer que tua presença é constante.
Acho bem pouco provável a existência de um ciclo de 24 horas onde não exista você.
Me condicinei a ver isso como hábito, apego desmedido a lembranças infundadas, carência involuntária dos teus cuidados e até falta do que fazer. Isso traz conforto por um tempo e uma terrível melancolia por momentos a fio onde sei que vc não vai estar e nem vai surgir.
Não sei o que sentir além de uma falta imensa da minha vida quando vc existia nela.
Uma saudade das besteiras que te faziam rir e dos dramas que a gente criava pra parecer tão iguais as outras pessoas. O bem que vc trazia aos meus momentos paranóicos não existe mais. Nem existe momentos paranóicos sem vc. E até disso eu sinto falta.
Nem se eu soubesse desenhar conseguiria te fazer entender o sabor que tua voz dava ao meu café da manhã e o quanto ela amaciava meu travesseiro todas as noites.
Ah, não existem madrugadas sem vc nelas. Nem tempo bom, nem ruim. Não existe tempo pq não existe vc.
Tb não existe minha pressa em chegar em casa, nem minha vontade de sair dela.
Não existe estar bem, nem estar mal.
Não existe pausas no fingimento de alegria, nem de fome, de frio ou calor.
Não existe controle na dor que ouvir Los Hermanos me causa. E eu não consigo evitar ouvir "Último Romance" ao menos umas 15 vezes nas 24 horas onde vc não está.
Hoje queria te dizer que finalmente provei licor de jenipapo e que achei horrível. Que ainda assim tomei quase uma garrafa inteira como se bebesse vc. Dizer que finalmente aprendi a dormir com a janela fechada, que já sei equilibrar a espada no quadril na dança do ventre, que já tenho medo de barata e que finalmente terminei de ver TBBT. Que continuo morrendo de nojo de mulher grávida e odiando jogos do Flamengo. E que nada disso tem graça sem vc.
Minha falta de ti oscila conforme os dias, mas hoje ela foi a mais aterradora constância de todas.
É só.

2 comentários:

  1. Hoje queria te dizer que finalmente provei licor de jenipapo e que achei horrível. Que ainda assim tomei quase uma garrafa inteira como se bebesse vc. -> Eiiii, a fã de licor de jenipapo sou eu ^^ bjos =****

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Milágrimas (Alice Ruiz)



Em caso de dor, ponha gelo, mude o corte de cabelo
mude como o modelo
vá ao cinema, dê um sorriso, ainda que amarelo
esqueça seu cotovelo
se amargo for já ter sido, troque já esse vestido
troque o padrão do tecido
saia do sério, deixe os critérios, siga todos os sentidos
faça fazer sentido
a cada mil lágrimas sai um milagre
caso de tristeza, vire a mesa, coma só a sobremesa
coma somente a cereja
jogue para cima, faça cena, cante as rimas de um poema
sofra apenas, viva apenas
sendo só fissura, ou loucura, quem sabe casando cura
ninguém sabe o que procura
faça uma novena, reze um terço, caia fora do contexto
invente seu endereço
a cada milágrimas sai um milagre
mas se, apesar de banal,
chorar for inevitável
sinta o gosto do sal, do sal, do sal
sinta o gosto do sal
gota a gota, uma a uma
duas, três, dez, cem, mil lágrimas
sinta o milagre
a cada mil lágrimas sai um milagre
a cada milágrimas

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