sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Toca Raull!!!


Bombardeada pela mídia desde cedo graças aos 20 anos da morte do Rauzito, seria inevitável escrever sobre.
Quem me conhece suficientemente bem tá cansado de me escutar falar mal de suas canções toscas e seu visual bizarro. Também tô cansada de seus admiradores tentarem me convencer de sua genialidade. Mas como morto é morto e artista é artista hoje vou pagar pau pro Raul.
Venhamos e convenhamos que mesmo esquisito ao extremo o cara tinha uma coragem sobrenatural. Nem todo mundo teria peito pra gravar algo tão terrivelmente medonho como "Cowboy fora da lei" enquanto o país se deliciava ouvindo "Cecília" na voz do Chico (sim, eu sou louca pelo Chico e engrosso o coro das lunáticas que acham que ele é perfeito. Pronto, falei).
Além da sua incrível capacidade musical non sense ainda tem o visual. Pessoas que me leêm alguém já viu alguém mais brega que o Raul??? (sei o que o Elvis é um competidor à altura, but...)
Fora esse emaranhado de estranhezas ainda tem a aura mística e, na minha opinião, desrespeitosa que envolve a imagem dessa criatura. Sem falar no alcoolismo, nos excessos...
Aí me pergunto: Como alguém tão fora do normal conseguiu virar esse mito que é hoje?
E cheguei a algumas conclusões:
1. O ideal de sociedade alternativa era bem bonito, tem um apelo midíatico super forte (na época que surgiu ainda era bem mais), dá um tom de rebeldia às gerações sem grandes causas e alimenta esse ar místico que envolve o personagem Raul Seixas;
2. Ele era um camaleão e mudou de visual e estilo musical conforme a sociedade mudava. Tenho medo dos fankeiros descobrirem essa jogada de marketing.=/
3. Foi o primeiro a cultuar e a mostrar (ou impor) o lado bom da loucura. Embora eu ache que o Tom Zé faça isso bem melhor.
4. O cara soube morrer. Gente, um diabético não tomar insulina e encher a cara é um jeito bem poético de dizer que cansou da vida e quer um descanso.
5. Decididamente o maior estímulo a todos os cantores de karaokê do mundo. Fazer sucesso com aquela voz é notável.
6. Era baiano. Bem difícil não gostar de um baiano. (Drica, ache-se. Essa foi pra ti.)

Depois de enxergar tantas "qualidades" finalmente consegui escutar uma música dele por inteiro. Nem foi tão difícil como imaginei, mas não sei se farei isso novamente.



Música legal. -.-

*Post dedicado ao Deivi. Maior fã de Raul que conheço.*

4 comentários:

  1. 6. Era baiano. Bem difícil não gostar de um baiano. (Drica, ache-se. Essa foi pra ti.) -> Nem tô me achando *-* ( mentira, tô sim ) =p

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  2. Primeiramente: agradeço a dedicação, irônica, mas é uma dedicação! \o
    Não sei se é fácil gostar de baiano, mas sei que gosto muito da baiana Drica...*.*
    _

    Eu poderia fazer um longo discurso, sobre todos os pontos que venho a discordar de teus post, mas não quero ser confundido a com alguém que tenta fazer uma “Letícia Stone” gostar de rauzito (à exemplo de um evangélico tentando converter um ateu ao 'evangelismo') o.O
    Quando te enviei a música de Raul Seixas não quis que vc gostasse do artista propriamente dito, e sim prestasse atenção na letra da música, (pelo jeito não deu certo), o mais engraçado: vc elogiou a mesma música quando mandei só a letra sem os créditos devidos...(risos maléficos)
    É Raul dos Santos Seixas, o ser humano passível de erro, sabia que estava acabando-se no próprio vicio, não esforçava p/ fazer uso da insulina por não gostar de agulhas (parece com uma certa Bruxa que conheço), como ele mesmo dizia: “...não gosto de agulhas, por isso não me tornei junkie...”.

    Talvez por prever a própria morte gravou a musica que há muito já estava pronta: Nuit, reveladora de entidade mística, que enganosamente achei que vc Kah, entenderia...
    Após sucessos e fracassos rauzito retirou-se estrategicamente, quem sabe foi morar em outro planeta, ou expulsar São Jorge com seu jubaio da Lua...
    Não são essas “qualidades” (que colocou de forma irônica) que trazem Raul a fama, é algo maior. Quem não lê muito sobre suas idéias não entende seus meios de de vomitá-las: A voz tosca não se achava digna da música, muito pelo contrário:
    "Sou tão bom ator, que finjo ser compositor e cantor, e todo mundo acredita." (R. Seixas)

    Quanto a aura, não posso discordar dessa observação, mas como disse, não importa o cidadão Raul dos Santos Seixas, e sim as idéias de Raul Seixas...(é, fiz um discurso longo) rsrs

    "Eu não sou louco, é o mundo que não entende minha lucidez." Raul Seixas...

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Milágrimas (Alice Ruiz)



Em caso de dor, ponha gelo, mude o corte de cabelo
mude como o modelo
vá ao cinema, dê um sorriso, ainda que amarelo
esqueça seu cotovelo
se amargo for já ter sido, troque já esse vestido
troque o padrão do tecido
saia do sério, deixe os critérios, siga todos os sentidos
faça fazer sentido
a cada mil lágrimas sai um milagre
caso de tristeza, vire a mesa, coma só a sobremesa
coma somente a cereja
jogue para cima, faça cena, cante as rimas de um poema
sofra apenas, viva apenas
sendo só fissura, ou loucura, quem sabe casando cura
ninguém sabe o que procura
faça uma novena, reze um terço, caia fora do contexto
invente seu endereço
a cada milágrimas sai um milagre
mas se, apesar de banal,
chorar for inevitável
sinta o gosto do sal, do sal, do sal
sinta o gosto do sal
gota a gota, uma a uma
duas, três, dez, cem, mil lágrimas
sinta o milagre
a cada mil lágrimas sai um milagre
a cada milágrimas

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