segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A Bailarina e o Astronauta


Eu sou uma bailarina e cheguei aqui sozinha.
Não pergunte como eu vim, porque já não sei de mim.
Do meu circo eu fui embora, sei que minha família chora.
Não podia desistir, se um dia, como um sonho ele apareceu pra mim.
Tão brilhante como um lindo avião.
Chamuscando fogo e cinzas pelo chão.
De repente como um susto, num arbusto logo em frente, acnteceu uma explosão, afastando a minha gente.
Mas eu não quis ir embora, não podia ir embora.
Como se nascesse ali, um amor absoluto pelo homem que eu vi.
Poderia lhe entregar meu coração. Alma, vida e até minha atenção.
Mas vieram as sirenes e homens falando estranho.
Carregaram meu presente, como se ele fosse um santo.
Dirigiam um carro branco e num segundo foram embora.
Desse dia até agora, não sei como, não pergunte, procuro por todo canto.
Astronauta, diz pra mim cadê você, bailarina não consegue mais viver.

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Milágrimas (Alice Ruiz)



Em caso de dor, ponha gelo, mude o corte de cabelo
mude como o modelo
vá ao cinema, dê um sorriso, ainda que amarelo
esqueça seu cotovelo
se amargo for já ter sido, troque já esse vestido
troque o padrão do tecido
saia do sério, deixe os critérios, siga todos os sentidos
faça fazer sentido
a cada mil lágrimas sai um milagre
caso de tristeza, vire a mesa, coma só a sobremesa
coma somente a cereja
jogue para cima, faça cena, cante as rimas de um poema
sofra apenas, viva apenas
sendo só fissura, ou loucura, quem sabe casando cura
ninguém sabe o que procura
faça uma novena, reze um terço, caia fora do contexto
invente seu endereço
a cada milágrimas sai um milagre
mas se, apesar de banal,
chorar for inevitável
sinta o gosto do sal, do sal, do sal
sinta o gosto do sal
gota a gota, uma a uma
duas, três, dez, cem, mil lágrimas
sinta o milagre
a cada mil lágrimas sai um milagre
a cada milágrimas

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